João Luiz de Oliveira Pombo

O patrono da cadeira trinta da Academia Cearense de Medicina, o médico e professor João Luiz de Oliveira Pombo nasceu em Fortaleza, Ceará, em 8 de dezembro de 1907. Era filho do casal Manuel João Alpiniano Pombo e D. Antônia Pombo. Estudou no Colégio Castelo Branco e Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios para concorrer, no vestibular, a uma vaga na faculdade de medicina, em outro estado brasileiro, uma vez que não havia escola médica no Ceará.

Em 1926, aos 19 anos de idade, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro. Concluiu o curso médico em 24 de outubro de 1931. A colação de grau, porém, aconteceu no dia 23 de janeiro de 1932.

Enquanto acadêmico de medicina, estagiou na Clínica de Botafogo, no Serviço de Oftalmo-Otorrinolaringologia, sob a orientação do Prof. Raul David de Sanson. Ainda no período acadêmico, trabalhou no Serviço Médico do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e no Serviço de Saúde Pública Estadual do Rio de Janeiro.

Em fevereiro de 1932, retornou ao Ceará, dando início, logo em seguida, a sua carreira de médico na cidade de Fortaleza. Dedicou-se, desde o princípio, às especialidades de oftalmologia e otorrinolaringologia. Instalou seu consultório no edifício Diogo, rua Barão do Rio Branco, 1006, sala 23, para o atendimento clínico de pacientes na dupla especialidade que abraçara. Era credenciado para prestação de serviços médicos aos associados de instituições de aposentadoria: IAPC, IAPB e IAPM.

Ao mesmo tempo em que exercia as atividades na clínica privada, Dr. Pombo dedicava parte do seu tempo trabalhando no Serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Foi chefe desse serviço de 1948 a 1959, e o administrou de forma tanto eficiente, que se tornaria, mais tarde, a escola das aulas práticas da disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina do Ceará.

No campo da cirurgia, atuou mais intensamente na área da otorrinolaringologia e realizava as operações cirúrgicas na Santa Casa de Misericórdia, na Casa de Saúde Dr. Cesar Cals e na Casa de Saúde São Lucas. Nesses hospitais, realizava as principais cirurgias da especialidade: amigdalectomia, adenoidectomia, septoplastia, sinusectomia e mastoidectomia. Foi um cirurgião atualizado no seu tempo. A amigdalectomia das palatinas, o fazia com a aplicação do instrumento Sluder-Ballenger, técnica considerada de ponta, e usada universalmente até a década de 1950.

Durante toda a vida profissional em Fortaleza, permaneceu ligado ao Serviço de Oftalmo-Otorrinolaringologia da Clínica de Botafogo, onde estagiara com o Prof. Raul David de Sanson, tornando-se um especialista com formação sólida. Comparecia com frequência ao Rio de Janeiro para realização de cursos e reciclagens na área da otorrinolaringologia.

Em 1934, Dr. Pombo casou-se com a Sra. Angélica Vasconcelos Pombo, natural do Rio de Janeiro, e de cuja união matrimonial nasceram os filhos: Marisa e Fernando Vasconcelos Pombo (médico urologista).

Em 1951, Dr. Oliveira Pombo assumiu o cargo de professor assistente da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina do Ceará, que havia sido inaugurada em 12 de maio de 1948, e, posteriormente, federalizada em 17 de dezembro de 1954.  A citada disciplina era ofertada no quarto ano de medicina e, portanto, somente em 1951 começou a ser ministrada. A primeira escola médica do Ceará localizava-se na Praça José de Alencar, ao lado do teatro, e ainda não possuía o hospital próprio. As aulas práticas eram ministradas no Serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia, pelo Prof. Oliveira Pombo. Em junho de 1957, com a mudança da faculdade para o bairro de Porangabussu, as aulas práticas foram transferidas para os ambulatórios e enfermarias do recém-construído hospital, o hoje denominado Hospital Universitário Walter Cantídio. Era o professor catedrático da disciplina o Dr. Ocelo Pinheiro, e oficialmente, esses docentes foram os pioneiros no ensino formal da otorrinolaringologia no Ceará.

Dentre outras atividades profissionais desenvolvidas no Ceará, Dr. Pombo foi médico do Serviço de Educação Física do Ceará; médico da Base Aérea de Fortaleza; e médico do Hospital de Maracanaú.

Teve participação relevante na diretoria do Centro Médico Cearense.

O Prof. Oliveira Pombo fez discípulos na Santa Casa de Misericórdia, recebendo deles demonstração de gratidão e admiração. Dentre eles, o Prof. Geraldo Pinheiro, que viria substituí-lo na faculdade de medicina, desta forma conceituou o notável mestre em seu livro “História da Otorrinolaringologia no Ceará”: “A maior obra do Prof. Oliveira Pombo foi no ensino médico, no qual ministrava seus conhecimentos com competência e dedicação.”

Em 19 de novembro de 1959, aos 52 anos de idade, o Prof. Pombo faleceu, e foi sepultado, na cidade do Rio de Janeiro, onde procurara tratamento médico para sua doença. Na vida familiar, foi chefe exemplar, pai amoroso e dedicado à família. Seu filho Fernando Vasconcelos Pombo, médico urologista, que veio tornar-se membro titular da Academia Cearense de Medicina, registrou, em seu discurso de posse, o amor e a gratidão ao pai: “Meu pai estava sempre pronto e atento a mostrar-me o caminho da vida.”

Em reconhecimento ao trabalho dedicado aos pacientes, no qual demonstrava uma grande preocupação com o social, especialmente, em favor do ser humano pobre, levou a Prefeitura Municipal de Fortaleza conceder ao Prof. João Luiz de Oliveira Pombo uma importante homenagem.  Outorgou-lhe o título de patrono da unidade básica de saúde do bairro Panamericano, institucionalmente, denominada: “Unidade Básica de Saúde Oliveira Pombo”.

Em honra à memória do médico ilustre que muito fez pelos seus pacientes e pelo ensino médico, honrado e disciplinado pela ética e pelas demais virtudes morais, a Academia Cearense de Medicina houve-se por bem imortaliza-lo como patrono da cadeira 30.

* Baseado no Discurso de Posse na Cadeira Nº 30 da Academia Cearense de Medicina, proferido no Auditório Castello Branco da UFC, em 26 de outubro de 2012, publicado In: ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA. Anais da ACM. Fortaleza: Expressão, 2014. Ano 16, nº 16. 554p. p.285-290.

*PINHEIRO, G. História da Otorrinolaringologia no Ceará. Fortaleza: Casa de José de Alencar / Programa Editorial, 1997, p. 83-85.