Pedro Augusto Sampaio

Pedro Augusto Sampaio nasceu em Fortaleza, a 21 de maio de 1884, filho do major Pedro de Araújo Sampaio e de dona Helena de Souza Sampaio. Fez seus primeiros estudos em escolas particulares. Aos onze anos quando se matriculou na primeira série do Liceu, e após seis anos de estudos recebeu, em 1903, o diploma de bacharel em Ciências e Letras.

Aos 20 anos, viajou para a Bahia e ingressou na Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus. Em 1906, transferiu sua matrícula para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde passou a frequentar hospital e a acompanhar as aulas do grande clínico e professor Miguel Couto, com quem teve proveitosa prática diagnóstica. Concluiu o curso de medicina 1909, com a defesa da tese de doutoramento que versou sobre “A zona de alarme no diagnóstico precoce da tuberculose pulmonar”.

Recebeu o convite, ao início de 1910, para exercer a função de médico de trechos da estrada de ferro em construção, em Minas Gerais. No ano seguinte era médico da Companhia de Navegação Costeira e realizou duas viagens ao Rio Grande do Sul.

Voltou ao Ceará em 1912, e em 1913 colaborou na fundação do Centro Médico Cearense. Exerceu o cargo de professor de geografia do Liceu do Ceará e de médico, em comissão, do Serviço de Febre Amarela do Estado.

Retornou a Minas Gerais, em 1915 clinicou na cidade de Prata, no Triângulo Mineiro, permanecendo até 1921.

Acometido de osteomielite do ramo do mandibular, em 1921, passou mais de ano em tratamento no Rio de Janeiro, e depois voltou a Minas, permanecendo pouco tempo enquanto se recuperava.

Voltou a Fortaleza e abriu consultório nos altos da Farmácia Cruz Vermelha. A clínica cresceu e dentro em pouco era uma das maiores de Fortaleza. Gradualmente, reassumiu as suas atividades clínicas, inclusive a de Chefe de Clínica da Santa Casa, onde permaneceu por 20 anos. Detinha uma vasta clientela, exercitando com maestria os fundamentos do diagnóstico, da terapêutica e do suporte emocional aos seus pacientes.

Ingressou no corpo médico da Santa Casa de Misericórdia e como chefe de clínica permaneceu durante vinte anos. Exercia o lugar de subinspetor da Saúde dos Portos, em Fortaleza, quando foi convidado pelo Departamento Nacional de Saúde a submeter-se ao concurso de médico sanitarista. Matriculou-se e se entregou dia e noite ao estudo do seu programa. Obteve o segundo lugar na classificação e foi nomeado Inspetor da Saúde e dos Portos e, mais tarde, médico sanitarista da Delegacia Federal de Saúde, em Fortaleza.

Em 1931, foi um dos fundadores do Ideal Club, tendo sido o seu primeiro presidente.

De grande espírito empreendedor instalou, juntamente com os colegas Lineu Jucá e Otávio Lobo, o Sanatório de Messejana, um sanatório moderno e bem aparelhado, para tratamento de afecções do aparelho respiratório.

O professor Jurandir Picanço o convidou a ser professor da cadeira de Patologia Geral Faculdade de Medicina do Ceará, mas ele renunciou a essa honraria.

Ao completar 70 anos, em maio de 1954, afastou-se de suas atividades funcionais da Delegacia Federal de Saúde.

Além de clínico renomado, Dr. Pedro Augusto Sampaio era um humanista, bem conhecia a literatura clássica, dominava ofFrancês e o inglês, sua escrita era escorreita e agradável e seu domínio intelectual, polivalente. Foi poeta e grande ledor de obras poéticas. Pontificou também como memorialista, tendo publicado em jornais, revistas e anais tanto aspectos interessantes da vida da capital quanto de seus habitantes mais in?uentes, sobretudo médicos e intelectuais. Fez traduções primorosas de muitos poemas. Era amado por seus amigos.

Morreu, em Fortaleza, no dia 27 de abril de 1967, aos 83 anos de idade.

Biografia

GIRÃO, José Eduilton. Clínica médica no Ceará – passado e presente. 2.ed. Fortaleza: Expressão, 2017. 312p.

LIMA, Lise Mary Alves de. Discurso de posse na Academia Cearense de Medicina. In: Anais – Academia Cearense de Medicina. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2008. p. 103-108.

SALES, José Borges de. Pedro Augusto Sampaio – Cadeira nº 8. In: Anais – Academia Cearense de Medicina. Fortaleza: Imprensa Oficial do Ceará, 1986. p. 150-174.