Virgílio de Aguiar

Nasceu Virgílio de Aguiar em Aracati, no ano de 1880.

Foi graduado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na turma de 1907, com a defesa da tese “Malefícios do Espartilho sobre o Aparelho Genital”. Após a formatura, não veio logo para o Ceará, tendo se estabelecido, então, em Manaus/Amazonas, transferindo-se, pouco tempo depois, para Lábrea, cidade situada às margens do rio Purus, também naquele Estado. Lá, laborou do “Seringal Capatarã”, período em chegou a vir a Fortaleza, mas aqui permanecendo por apenas por 29 dias.

No retorno à Amazônia, estabeleceu-se em Rio Branco, capital do então Território do Acre, onde clinicou por nove meses, tendo retornado ao “Seringal Cataporã”, onde permaneceu por mais um ano. Transferiu-se, mais uma vez, desta feita para Belém/Pará, onde trabalhou até 1910, quando retornou a Fortaleza.

Na capital dos cearenses, exerceu a atividade hipocrática com importante participação associativa, tendo sido um dos fundadores do Centro Médico Cearense, em 20 de fevereiro de 1913. Após nova temporada de um ano no Acre (“Seringal São Francisco de Iracema”), voltou ao Ceará, optando por trabalhar em Barbalha.

Posteriormente, almejou exercer a profissão no Rio de Janeiro, onde, não conseguindo labor nas atividades de médico militar que tentou em concurso público, passou-se para Santos/SP. Naquela cidade, após atuar como Interno de Cirurgia e Obstetrícia da Santa Casa, exerceu a atividade médica em plenitude, tendo, inclusive, assumido a Primeira Clínica Cirúrgica e dirigido a maternidade local.

Publicou artigos científicos na “Gazeta Clínica” de São Paulo e na “Revista de Ginecologia e Obstetrícia” do Rio de Janeiro.

Em 1929, fixou-se em definitivo em Fortaleza, onde, mais uma vez, exerceu a profissão médica com grande destaque. Foi pioneiro em disseminar conhecimentos médicos atualizados para os colegas do interior do Estado, mediante caravanas médicas das quais participava. Foi um dos organizadores do I Congresso Médico Cearense, realizado em 1938.

Escritor talentoso, foi pródigo em divulgar variados assuntos médicos, através de artigos e crônicas (“Esculapianas”) publicadas no “Ceará Médico” jornal do Centro Médico Cearense, do qual era o principal redator, em que abordava temas de: cirurgia geral, obstetrícia, puericultura, higiene, acidentes de trabalho, teratologia, medicina legal e ética médica.

Nos jornais de Fortaleza, extravasava a sua veia literária, divulgando conhecimentos, em boas letras, com clareza e agradável estilo, dissertando sobre a sua experiência amazônica, sobre os problemas da classe médica e outros assuntos.

Aos 87 anos, faleceu em São Paulo.

José Eduilton Girão